A palavra humanismo deriva do conceito latino “humanitas” e foi usado primeiramente pelo estadista romano Marcus Tullius Cicero para descrever valores liberais, ou que enaltecessem o ser humano, na relação entre Estado e civis (Mann 1996). A palavra ressurgiu durante o Renascimento italiano como “umanista” atingindo a língua inglesa no século XVI (Copson 2015).
O termo humanismo passou por algumas transformações em seu significado, mas ainda que acreditemos que seu pleno sentido e objetivo tenham se aprimorado ao longo dos séculos, sua função é fundamentalmente designar uma antítese ao teísmo e priorizar os desejos e ambições humanas, tornando este um ente independente e para algumas visões de mundo, insubordinável. Nascia daí a “religião” do ego (Ferrer, 2017).
Como é possível notar, essas primeiras centelhas iluministas iniciadas em Cícero, como tão-somente um recurso de um estadista notório, com a finalidade de aprimorar as relações entre governantes e socieadade, acabou por tornar-se um modo de pensar e um método de ensino (Fowler 1999).
Os avanços da ciência e da tecnologia influenciados pelo humanismo ocorreram, em parte, devido a separação entre o saber e o rigor religioso, o que por sua vez promoveu visões de mundo seculares, viabilizando o progresso que temos hoje.
Qual é a tendência do consumo?
A centralização nos desejos e interesses humanos viria a impactar a forma de consumo e essa foi a transformação mais lenta e ao mesmo tempo ainda é a de maior latência e profundidade, resultante do humanismo, podendo apenas ser substituídas pelas necessidades coletivas, incluindo aspectos mais particulares como até mesmo patrimoniais. O que siginifica que se não evoluírmos para um maior nível de excentricidade que obrigue as empresas a atenderem nossas motivações mais fantasiosas, passaremos a consumir pautados por necessidades coletivas, como a sustentabilidade.
Embora a Hierarquia de Necessidades de Maslow tenha exercido uma função de transcrição do humanismo para as massas, é difícil atribuir a essa teoria a total responsabilidade de influenciar o consumidor moderno a se tornar o que é hoje: vaidosamente exigente.
É mais aceitável, no entanto, que a teoria de Maslow tenha influenciado a oferta de produtos e serviços ao consumidor, isso significando que as empresas fazem uso de conhecimentos sobre neurovendas e até filosofia para despertar tendências que colocam o comportamento de consumo a seu favor.
Por exemplo, se antes comprávamos, sobretudo, pelas características funcionais, no presente compramos porque alguém que conhecemos ou valorizamos indicou o produto ou serviço. Por isso, as empresas sujeitam sua imagem à opnião positiva dos outros e se preocupam cada vez mais com o que dizem a seu respeito. Esse fator de decisão de compra, na Hierarquia de Necessidades, pode se enquadrar como um nível de “estima” e geralmente é apresentado como gatilho mental de aprovação social (Cialdini, 2006).
A influência da publicidade no consumidor atual
Ainda que a maioria dos consumidores desconheçam a teoria de Maslow, esses conceitos são aprendidos por todos os níveis de marketeers e encontrados em qualquer curso básico de marketing digital, sendo a causa principal de difusão dessas informações entre os profissionais, que tratam de executá-las em suas ações. Logo, o consumidor atual tem o seu comportamento influenciado pela propaganda, não pela leitura sobre Humanismo e outros temas acadêmicos, filosóficos, nem mesmo por suas descobertas sobre suas próprias características de consumo.
Então, a influência do Humanismo no comportamento de consumo atual se deve a priorização das pessoas e suas necessidades e isso ocorre devido à propaganda moderna. Isso foi possível graças à inserção das teorias de Maslow e a de dois fatores, de Frederick Herzberg, que é basicamente um melhoramento da Hierarquia de Necessidades. Uma informação chave que resolve a dificuldade da teoria de Maslow, com foco em evidenciar os fatores de motivação e desmotivação, que remetem, outra vez, ao ego do consumidor e até à satisfação de seus desejos mais exclusivos.
Essas teorias aumentam as expectativas dos consumidores e ao mesmo tempo em que prometem trazer mais prazer no ato de consumir, podem se tornar uma indústria de clientes ou empreendedores frustrados, pois não sabemos até onde vai o egocentrismo nem se conseguiremos atender exigências extravagantes individuais ou de pequenos grupos.
Em 1974, o filósofo Sidney Hook definiu o Humanismo, ou humanistas, por características negativas. Segundo ele, humanistas ou pessoas influenciadas podem ser violentas e são mais tendenciosas a atitudes impulsivas negativas do que a seus próprios valores abstratos. Isso acende um alerta sobre os novos consumidores que a publicidade atual está criando.